Trabalho de casa no Japão

Cultura corporativa ainda não aceita trabalho remoto no Japão

Em 2020, o governo japonês realizou uma campanha para incentivar o trabalho remoto no Japão durante os Jogos Olímpicos de Tokyo.

O esperado era que 34,5% das empresas adotassem o modelo home office, no entanto, não é essa a atual realidade do país.

De acordo com o uma pesquisa realizada pelo Ministério do Interior, apenas 19,1% das empresas adotaram alguma forma de trabalho home office e somente 8,5% dos funcionários utilizavam o sistema.

Apesar da extensiva campanha do governo sobre os benefícios do trabalho em casa, como melhora no congestionamento e preparações para desastres naturais, a cultura corporativa japonesa ainda é um entrave.

Cultura corporativa

Pessoa trabalhando fora do escritório

Toda mudança gera atritos e no Japão não é diferente. As políticas corporativas adotadas pelas empresas do país exigem muito de seus colaboradores.

Por ter funcionado bem – economicamente – até os dias de hoje, há uma enorme relutância de executivos e administradores em mudar o modelo de trabalho e torná-lo mais flexível.

Para Haruka Kazama, economista do Mizuho Research Institute, o fator mais importante que impede a disseminação do trabalho home office é de natureza psicológica.

Há uma visão entre o empresariado japonês de que seus negócios não sejam adequados para um modelo de trabalho desse tipo.

Embora muitos setores de fato não tenham condições de realizar essa transição completa, ao menos alguns setores, como documentação ou dados podem perfeitamente ser realizadas remotamente.

Mudanças reais

Algumas poucas empresas resolveram aderir ao trabalho em casa no Japão e obtiveram resultados significativos em 2019.

A Ricoh Co. que fechará seu escritório durante os Jogos Olímpicos, por exemplo, registrou um aumento de 10% nas vendas e produtividade de seus colaboradores.

Além de reduzir a jornada de trabalho em 97 horas no ano, os mais de 18 mil funcionários trabalharam uma média de 16 dias em casa por mês.

Já a empresa Ajinomoto começou esse processo em 2017 por iniciativa da diretoria experimentando e entendendo o home office e também com investimento em equipamento para seus funcionários.

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Desafios

Apesar do aumento da produtividade das empresas que adotaram o trabalho remoto, alguns efeitos colaterais e desafios também surgiram.

Uma das principais dificuldades diz respeito as famosas reuniões de trabalho do Japão. Para que o home office funcionasse direito, elas tiveram que ser limitadas em duas vezes ao mês. No entanto, se perdeu menos tempo com isso e a produtividade aumentou.

Porém, a grande vitória é que com as ferramentas de comunicação tudo ficou mais simples e é ainda mais fácil para gerentes monitorarem o que os funcionários estão fazendo.

Além disso, muitos funcionários não sentem falta da comunicação pessoal direta, mas podem fazer isso nos eventos pós-expediente de uma forma mais livre e flexível.

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