Tatuagens no Japão ainda são tabu e alvo de preconceito, mas jovens começam a mudar isso

As tatuagens no Japão sempre tiveram uma péssima visão moral. Isso porque, para muitos, ela representa uma vinculação com a Yakuza, a sanguinária máfia japonesa.

Por conta disso, quem possui tatuagens não pode entrar em muitos espaços no país. O Japão não acompanhou as transformações dos significados das tatuagens no mundo e acabou ficando atrasado nesse quesito. Entretanto, com o país sendo cada vez mais cosmopolita e também com as redes sociais, muitos jovens japoneses sentem vontade de se taturem e estão dispostos a bater de frente com esse preconceito.

Dessa maneira, veja aqui como a visão moralista que os japoneses possuem sobre as tatuagens está aos poucos mudando. Obviamente que você pode até mesmo achar que essa mudança começou tarde. Porém, como já diz o velho ditado, antes tarde do que nunca.

As tatuagens no Japão estão se tornando mais sociáveis

A cada rolagem de seus smartphones, os jovens japoneses ficam mais expostos a tatuagens usadas por cantores e modelos famosos, derrubando o estigma contra a arte corporal e encorajando-os a desafiar as expectativas sociais arraigadas sobre sua aparência.

Cerca de 1,4 milhão de adultos japoneses têm tatuagens, quase o dobro do número de 2014, de acordo com Yoshimi Yamamoto, antropólogo cultural da Universidade de Tsuru que estuda tatuagens tradicionais de hajichi usadas nas mãos de mulheres de Okinawa.

Em 2020, a tatuagem deu um grande salto para uma aceitação mais ampla quando a Suprema Corte do Japão decidiu que poderia ser realizada por outras pessoas que não profissionais médicos licenciados. Sessenta por cento das pessoas com 20 anos ou menos acreditam que as regras gerais sobre tatuagens devem ser relaxadas, de acordo com uma pesquisa realizada no ano passado por uma empresa de tecnologia da informação.

Certamente, se você não é japonês e não vive no Japão, esses dados podem não impressionar. Mas, recerde-se que o Japão é entremamente conservador quando se trata de tatuagens, ainda mais em relação às que são aparentes.

Por conta das tatuagens, por exemplo, alguns locais de banhos coletivos não permitem a entrada das pessoas. Até mesmo estabelecimentos podem ser recusar a permitir a entrada de alguém simplesmente porque a pessoa tem uma tatuagem exposta. Assim, se você for ao país, principalmente em cidades menores, saiba que você pode ter de enfrentar alguma situação emq ue haverá um olhar de desaprovação caso você tenha uma tatuagem aparente.


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A história das tatuagens no Japão

As tatuagens têm uma longa história no Japão e eram importantes para as mulheres nas comunidades indígenas de Okinawa e Ainu. Sua associação com o crime organizado remonta a cerca de 400 anos. Eles costumava marcar criminosos em seus braços ou testas com marcas que variavam de acordo com a região e o crime: por exemplo, um círculo, um grande X ou o caractere chinês para cachorro.

Depois que o Japão terminou mais de dois séculos de isolamento em 1868, o país começou a promover políticas de modernização ao estilo ocidental. Entre eles: uma lei que proíbe tatuagens, que eram vistas como “bárbaras”.

Embora essa proibição tenha sido suspensa em 1948, o estigma permaneceu. Yakuza, ou gângsteres japoneses, geralmente têm wabori do pescoço ao tornozelo, uma tatuagem tradicional de estilo japonês feita à mão usando agulhas. Por causa dessa associação de gângsteres, muitos resorts de águas termais, praias e academias barram pessoas com tatuagens. Os empregos de escritório que permitem tatuagens ainda são escassos ou inexistentes, com muitas empresas proibindo expressamente os candidatos que as têm.

As tatuagens também são desaprovadas como uma violação dos códigos comunitários de como os japoneses devem se parecer – códigos que podem acarretar penalidades severas para quem se desviar delas.

Fonte: Japan times.