O soldado japonês que não se rendeu e se escondeu nas montanhas por 28 anos

Shoichi Yokoi foi um ex-soldado japonês que viveu nas montanhas de Guam por 28 anos sem saber que a Guerra do Pacífico havia terminado. A Guerra do Pacífico é tida como um dos episódios mais sangrentos dentro da II Guerra Mundial.

Por conta de sua história, ele acabou se tornando uma celebridade no Japão. Conheça um pouco mais aqui sobre como foram esses 30 anos desse soldado e o seu retorno para casa.

O soldado japonês escondido

Quando retornou para casa, Shoichi Yokoi revelou que se sentia envergonhado pelos seus atos e por ter sobrevivido. Vale lembrar que na sociedade japonesa, pode ser visto como uma desonra não cumprir a missão junto a seus companheiros, principalmente em uma época como aquela em que ele viveu.

Yokoi estava na ilha de Guan em 1944, quando os americanos chegaram e tomaram a ilha. Entretanto, para não se render, resolveu ir para o meio da mata. Ele só foi descoberto anos depois, quando Jesus Duenas e Manuel DeGracia, que eram caçadores locais, o encontraram.

Um deles queria matar Yokoi, pois o exército japonês havia matado sua irmã durante a guerra. Entretanto, acabou sendo convencido a não tomar tal ato. E assim, Yokoi começou a sua trajetória de volta para sua casa e para a sua família.


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Quem era o soldado japonês?

Nascido na vila de Saori (a atual cidade de Aisai), prefeitura de Aichi, Yokoi partiu para a antiga região da Manchúria, no nordeste da China, para lutar na guerra em 1941.

Ele foi enviado para Guam em março de 1944 e continuou a viver em na selva, sem saber que a guerra havia terminado, antes de ser encontrado e retornar ao Japão em fevereiro de 1972. Suas primeiras palavras ao voltar para casa foram: “Vergonhosamente voltei para casa”. Isso se tornou uma frase famosa na época e que é recordada como sendo de Yokoi até hoje.

Yokoi casou-se com Mihoko em novembro de 1972 depois de um acordo com um conhecido, e ele deu palestras em todo o país como um “defensorde estilo de vida pobre”. Em seus últimos anos, ele sofria de doença de Parkinson.

Em seu leito de doente, Yokoi confiou a Mihoko seu sonho de construir um museu memorial antes de falecer em setembro de 1997 aos 82 anos. Mihoko abriu o memorial em junho de 2006. No espaço de exposição do primeiro andar de sua casa de madeira de dois andares, aproximadamente 70 itens foram exibidos, incluindo um modelo em tamanho real de uma caverna na selva, na qual Yokoi viveu durante sua sobrevivência em Guam, reproduzido com bambu e papel japonês “washi”, o tear artesanal de Yokoi e seus trabalhos de cerâmica, que ele iniciou fazendo aos 60 anos.

Entretanto, o museu foi fechado definitivamente no ano de 2022.

Fonte: Mainichi.JP.